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Chama-se Brittany. Tem 29 anos. É norte-americana. E tem cancro. Brittany tem um glioblastoma, o pior dos piores. Um monstro que se apoderou do cérebro dela, sem quês nem porquês. Um mosntro que lhe limitou a vida e lhe leu a sentença: 6 meses. A partir deste momento, creio que, o pensamento da Brittany se focou em decidir se seriam seis meses de pura vida ou se seriam seis meses de sofrimento, de desdanho e de luta invencível. Acredito que será dos maiores dilemas da vida, ou melhor, da morte. O diagnóstico deve ter-lhe caído em cima como um meteorito cai na terra. Deve formar uma cratera enorme no coração e na alma, deve deixar um vazio, deve doer sem parar. Mas Brittany decidiu que iria viver até ao fim dos dias dela. Decidiu morrer com dignidade. No dia 1 de Novembro, um dia após o aniversário do marido, será o fim: suícidio assistido, eutanásia.
“Espero aproveitar os dias que ainda tenho neste planeta lindo rodeada daqueles que amo. Espero morrer em paz. Dê valor à vida e tenha a certeza de que não está a desperdiça-la. Aproveite o dia. Esqueça o resto”
"Não consigo nem dizer o alívio que sinto por saber que não terei de morrer da maneira que me foi descrito, que o tumor cerebral me tomaria”
“O meu glioblastoma vai matar-me e está fora do meu controlo. Poder escolher a maneira de morrer com dignidade é menos terrível”
Brittany escolheu morrer na cama, ao lado da mãe e do marido com a sua música preferida a acompanhar. Pode parecer cruel para muita gente, pode chocar meio mundo, mas eu, aplaudo de pé tamanha coragem. Já tive a oportunidade de acompanhar casos de glioblastoma, casos de luta diária, de tratamentos, de sofrimento imenso e que, no final acabam sempre da mesma forma. E a questão que se coloca é: para quê tanto sofrimento se podia ter tido uma morte digna? A Brittany não está a ser injusta nem tão pouco egocêntrica, ela apenas está a diminuir o seu sofrimento e, sem qualquer tipo de dúvidas, o sofrimento de toda a sua família.
Para mim, é uma lutadora !